Por: Valéria Rosa Poubell
Trabalho do Curso de Pós-graduação da UNESA/ 2007 - Alfabetização: concepções e perspectivas
“A Geografia não é mais que a História no espaço.”
Reclus
O mundo em que vivemos é marcado pela sobrevivência como um desafio constante, face ao acelerado crescimento do desenvolvimento tecnológico com o qual convivemos. Temas como alimentos transgênicos, globalização, aquecimento do planeta, altos índices de desemprego, baixos salários daqueles que estão empregados, dentre outros percalços sociais, são veiculados numa velocidade inassimilável, dado o volume de informações disponibilizadas pelos meios de comunicação de massa e drasticamente alterados com a popularização da Internet.
(Imagem disponível na Web) |
Diante do exposto, uma educação voltada para emancipação dos indivíduos, entendendo isto como fazer com que o individuo saiba ler, selecionar, organizar e decidir autonomamente os rumos para sua vida e sua sociedade, navegando no emaranhado de informações veiculadas pela mídia – deve prioritariamente pautar-se na concretude da formação destes indivíduos, ou seja, o percorrer do percurso pedagógico. Que se distancie do modelo tradicional conteudista, ineficaz face aos novos desafios apresentados neste início de milênio.
E, para falarmos de concretude na formação dos educandos, temos que compreender a importância da não-mecanização dos fatos históricos e que a realidade que nos cerca é fruto de tais fatos. Sendo assim, tal realidade deveria ser o ponto de partida para o ensino em qualquer área, de qualquer disciplina, pois a seleção e a crítica das fontes de informação são a base para qualquer método de pesquisa já que a realidade está entre o dito e o não-dito pelas diversas fontes de informação.
Integrar as disciplinas de história e geografia não basta se o espaço geográfico em que vivemos (cidade, estado, país, mundo, etc.) não for considerado como categoria em potencial para compreensão da realidade atual. E, que este espaço geográfico é constituído de história e que a história se compõe de discursos de quem a escreve alegando estar descrevendo o desenvolvimento da vida social e espacial através do tempo. Mas também se faz cheio de histórias de vida, social e espacial.
Em se tratando de sujeitos aprendentes da leitura e escrita e da relação destas com a sua vida e o mundo a sua volta, os fatores citados são muito relevantes, uma vez que se relacionam diretamente com as experiências vividas pelos alunos ao longo da sua própria trajetória de vida. Assim sendo, não há como pensar na dissociabilidade das duas disciplinas: quando um indivíduo deixa a sua terra natal em busca de melhores condições de vida para si e sua família (seja ele o próprio aluno ou o jovem ou criança que passa por essa situação), ele modifica o seu espaço, deixando de produzir neste lugar – apesar das dificuldades lá encontradas, mas se inscreve na história do seu país, que, por sua vez, compõe a história do mundo, um mundo perverso em suas relações sociais e produções de conhecimento. E este mesmo indivíduo, matriculado num curso de escolarização, só será capaz de se transformar e mudar o seu meio se for instrumentalizado de maneira sólida, através de um currículo organizado de acordo com as suas reais necessidades.
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