Alfabetização e Teorias Psicológicas da Educação

Como desenvolvemos nossa capacidade de aprender?
Já nascemos com ela ou a adquirimos ao longo da nossa vida?

Alfabetizar é um ato de amor. Já nos dizia Freire (1996). Mas educar implica atuar ancorado numa certa concepção do processo de aprendizagem. Ainda que não a tenhamos plenamente definida, é preciso ter a noção de cada uma delas, ou pelo menos as principais. Pensando nisto, pretendo contribuir com uma reflexão acerca dessas principais concepções sobre o processo de cognição que envolve a aprendizagem humana.



Importante salientar que, o indivíduo será aqui tratado como aprendente, ou aquele que se encontra em processo de aprender alguma coisa. Vejamos um pouquinho de cada uma delas então: (...)

Concepção Inatista
Nesta concepção, reside a crença de que o aprendente nasce com todas as características fisiológicas, biológicas e cognitivas necessárias para desenvolver as suas aprendizagens por toda a vida. E o seu sucesso dependerá da acumulação advinda do meio externo social no qual está inserido. Assim, passivamente, o aprendiz absorve os saberes e os conteúdos produzidos ao longo da história da humanidade. À educação cabe ainda, a correção das distorções que ora possam se apresentar no indivíduo. Ela surge como “uma força homogeneizadora, que tem como função reforçar os laços sociais, promover a coesão, garantir a integração de todos os indivíduos dentro da sociedade” (Saviani, 2008).

Mas nos cabe a suscitar uma reflexão: como acreditar na produção de conhecimentos se tudo já nasce com o indivíduo e ele só recebe o que já está pronto? E quem produziu o que já está pronto?


Concepção Empirista
Aqui, todas as capacidades físicas e biológicas nascem com o aprendente. No entanto, sua cognição será desenvolvida através dos estímulos advindos do meio no qual está inserido. Assim, a capacidade de aprender ocorre na interação com o ambiente externo social, que moldará essa capacidade. Ainda aqui, teremos a educação como função reguladora da sociedade e novamente, devendo “evitar a sua desagregação” (Op.cit. p. 4).

Assim, onde encaixaremos a capacidade crítica do indivíduo? Ela existe? E a sua autonomia e capacidade de escolhas? É possível a construção de uma sociedade igualitária?

Concepção Construtivista
Na concepção construtivista defendida principalmente por Jean Piaget e seus seguidores, o aprendente dependerá da interação com o meio externo social favorável para desenvolver, de forma estruturada, as suas características biológicas, físicas e cognitivas.  No entanto, acredita-se ainda que o aprendente ao desenvolver a sua autonomia, que precisa ser estimulada, será capaz de posicionar-se criticamente frente aos saberes produzido pela humanidade e, portanto, será bem sucedido em suas aprendizagens ao longo da sua vida. Aqui, o educador assume o papel de orientador da aprendizagem, mediando o processo de autoconstrução do conhecimento pelo aprendente: “o professor agiria como um estimulador e orientador da aprendizagem, cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos.” (Op.cit. p. 8).

Onde se encontraria a iniciativa do próprio professor? Ela existe? Deve existir?

Concepção Histórico-social
A consideração da historicidade social é o que identifica esta concepção. A interação do aprendente com o seu meio social e os outros indivíduos, todos agentes históricos, e também aprendentes, é que constituirá a base do seu processo de aprendizagem. Será no exercício da prática social estabelecida não só na escola, mas também nos diversos espaços cotidianos de interação, produzida historicamente que a aprendizagem acontecerá. Desta forma, “o diálogo com a cultura acumulada historicamente” (Op.cit. p.68) é algo que deve ser valorizado pelo ato de educar.

Nesse ponto, eu lhe pergunto, companheiro de labuta, qual seria então o ponto de partida para a articulação entre o que o aprendente já vivenciou e o que ainda precisa vivenciar? Quem definirá o que ele ainda precisa aprender? Como articular os conhecimentos e as experiências para produzir novos conhecimentos?

*Não deixe de visitar também:


De tudo, penso que devemos refletir sobre:

Toda prática educativa contém inevitavelmente uma dimensão política”.
e
Toda prática política contém, por sua vez, inevitavelmente uma dimensão educativa”.

(SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: polêmicas do nosso tempo.
Campinas, SP. Autores Associados,40ª ed., 2008; vol. 5)


Em qual dimensão nos posicionamos?


Um comentário:

  1. Olá Valéria tudo ok
    Valeu pela visita no nosso blog Ed em foco
    Foi uma ótima oportunidade para conhecê-la e ao seu blog......já estou seguindo
    Beijocas
    Cris Chabes

    ResponderExcluir

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